segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Saber "sonhar" é viver o mais elevado da realidade


“Era uma vez uma princesa tão alva que parecia feita de porcelana. Morava num lindo castelo feito de pedras preciosas azuis que ficava acima das nuvens. Ela era uma fada muito bondosa que descia à terra sempre com um vestido cor de rosa e uma coroa de diamantes que cintilavam como estrelas.
Era trazida por três grandes cisnes cor de pérola azulada que pousavam num lago de águas puríssimas e a partir dali... “
Quem não ouviu quando criança, de olhos arregalados, boca aberta, absorto, sua avó de cabeça prateada, ou seu tio já grisalho, desenrolar contos parecidos com este? Eu ainda tive a felicidade de saborear um restinho daquele tempo.
Sonhava-se.
As pessoas carregavam dentro da alma uma matriz de sonho na qual se refugiavam quando queriam descansar ou fazer voar o espírito.
Tanto isso era verdade que era possível notar, naqueles que narravam contos de fada, o quanto procuravam lhes comunicar vida deixando entrever que dentro de sua alma levavam indeléveis os seus sonhos.
Confirma isso o Disney que atraiu, e atrai até hoje, um número incontável de pessoas que escapam da agressiva e materialista “sem-gracês” do ambiente atual para, pelo menos por algumas horas, sonhar...
O erro do Disney está em incutir a idéia de que o sonho é, de fato, uma ilusão infantil que a realidade acaba por desmitificar. É algo irreal e efêmero que tem seu lugar para crianças ainda sem pleno conhecimento na realidade, especialmente a realidade freudiana, incompatível com qualquer tipo de sonho maravilhoso.
Contudo, os contos de fada prestam uma homenagem indiscutível à época em que mais se sonhou na história: a Idade Média.
Conto que não é da Idade Média, não é de fada...
Por que a Idade Média européia sonhou tanto?
Porque foi uma era de elevação. Graças à ação sacralizante da Igreja Católica, o homem medieval acreditava piamente que a razão da vida na terra era a preparação para o Céu, para o Paraíso Celeste. Em consequência o homem, que desejava enormemente, por amor a Deus, unir-se a Ele no Céu, queria tornar a terra semelhante ao Céu. E sabia que deveria buscar atingir essa meta no maravilhoso autêntico, que arremetia para Deus.
Foi a condição de herdeiro do Céu que levou o medieval a criar coisas tão carregadas de maravilhoso as quais despertam o encantamento, mil anos depois, no homem mais tristonho, mais desprovido de maravilhoso e de sonho da história.

O sonho não é uma mentira, mas é o aspecto mais alto da realidade, o aspecto onde devem habitar as almas capazes de elevação e de grandes anseios rumo a uma grande perfeição.
Quando Nossa Senhora prometeu em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” Ela lançou, Ela própria, o maior sonho da história, o sonho de uma nova Idade Média que é a superação da primeira. Mais bela, mais forte, mais santa e por isso mesmo, mais duradoura.
Ter devoção a Nossa Senhora de Fátima é sonhar, é transformar o passado magnífico medieval num pequeno esboço de um grande e magnífico ideal: o Reino de Maria que virá.
Virá? Já vejo algum cético, pé na terra, colocar a dúvida.
Sim, virá, para aqueles que souberem sonhar e compreenderem que este tipo de sonho é a mais alta das realidades, pois é inspirada na Fé, na esperança e na caridade.
É Deus quem o coloca na alma de quem se abre para Ele. E Deus não mente!
Neste sentido, não tenhamos receio: Sonhemos!

Um comentário:

Anônimo disse...

Era uma vez um moleque tão negro que parecia até um menino como qualquer outro. Morava num papelão, que não era lindo, e ficava bem abaixo da linha da decência, abaixo da linha da tolerância, logo ali, depois de qualquer limite. Ele era um moleque da rua, muito arteiro (como se nem fosse da rua) que veio ao shopping Santa Cruz sempre com andrajos e desgrenhado como só se pode ficar nascendo filho da rua numa sociedade sem amor cristão.
Mas foi trazido do shopping Santa Cruz pra fora por dois seguranças. Um que usava óculos lhe deu dois chutes na canela. Uma fúria (que só pode ter vindo de Deus) fez o menino pensar que fosse Davi, que tinha uma funda e que podia combater o campeão dos filisteus... Aí apareceu São Gabriel, vestido de operário e disse para o menino: foge. E o menino fugiu, acoitou-se no breu da noite. Acariciou-lhe a brisa... Aquela mesma brisa que ululou pelos cabelos de Jesus abandonado na Cruz, naquela mesma Cruz que é Santa e que dá nome ao shopping.
Bonita essa história?
Mas não é conto de fada, não. É verdade. Eu estava lá no shopping. Eu vi.
Não é bem de sonho, e nem de idade média, que o mundo precisa. O mundo precisa mesmo é de consciência cristã.