quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Dentro da cacofonia, o sino é o afago da Igreja

Como todo mundo que mora numa cidade grande, um paulista como eu não escapa de buscar uma forma de harmonizar seu convívio com os incontáveis aspectos arrepiantes da realidade.
Num desses fins de tarde gelados, apesar de setembro (aquecimento global?!), enquanto percorri a pé algumas quadras em direção à Av. Paulista, procurei dissecar a massa de ruídos que me entravam involuntariamente pelos ouvidos.
Explicitei algo que no tram tram do dia a dia não me era tão claro; que mesmo absorvido por preocupações de outra ordem eu sofria constantemente uma terrível agressão sonora subconsciente. A cada passo que eu dava a massa ruidosa me parecia mais insuportável.
Logo pensei, isso é uma verdadeira orquestra caótica, uma cacofonia sumamente estressante executada pelos “instrumentos” os mais variados; e que me atormenta.
Ruídos de ônibus freando, parados nos pontos e arrancando se somavam ao ronco de motocicletas disparadas, ziguezagueando entre veículos que zumbem. Me deu pena um compulsivo sonoro, que ouvia um batuque tão alto que sobressaia a todo o resto da “orquestra”, mesmo com parte dos vidros cerrados.
O “solo” de uma sirene de ambulância se misturou com o de uma viatura da polícia que, igualmente veloz, fazia o sentido oposto.
Não faltou sequer o contributo da voz humana emitida por grandes auto falantes de um veículo fazendo propaganda eleitoral, o qual ia derramando sobre o ambiente já muito ruidoso uma catadupa de promessas e ataques pessoais a adversários de pleito aliás, nos quais ninguém prestava atenção, já tão desgastados estão os discursos dessa pseudo democracia que vai se transformando paulatinamente em ditadura salgadamente socialocomunista.
Pude até escutar duas senhoras comentarem, fazendo uso de sua liberdade democrática, que as campanhas políticas parecem concurso para ver quem vence o outro com a mentira maior.
Logo ganhei a Avenida Paulista. Veículos atravancados, buzinas impacientes, uma policial combinava seus apitos com gestos autoritários mandando os motoristas agilizarem suas máquinas.
Senti-me sumamente agredido e opresso. Pensei comigo: “Que coisa infernal! Qual será o futuro de tudo isso? Confesso que não vejo no horizonte nenhum sinal de que isso vá mudar por si mesmo, de que voltaremos a ter aquela bonomia e tranqüilidade em que não havia o consumo de calmantes, anti depressivos etc. Neste estado psicológico eu aguardava a abertura no farol para atravessar a avenida sem risco de vida.
Fui então surpreendido por outro som completamente diferente. Do pequeno campanário da capela do Hospital Santa Catarina, partiu um som ao mesmo tempo doce e penetrante.

Senti um contraste profundo entre o efeito que vinha me causando a barulheira caótica e aquele singelo toque, repetido mas muito ameno. Senti-me como que envolvido por uma espécie de manto que me protegeu, distendeu, encheu-me de ternura.
Confesso que aquele som singelo penetrou no meu espírito como um raio de luz num quarto escuro. Comunicou-me uma paz profunda e me ordenou a alma como se eu não estivesse no meio daquele caos sonoro.
Pensei: ó Santa Igreja Católica Apostólica Romana! Só Vós tendes esses recursos espirituais, essa bênção, essa maternidade, porque só Vós sois a verdadeira, a única Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo!
Percebi tanta força, tanto poder de atuação que não vacilei em concluir com um ato de confiança e de esperança que tantas vezes ouvi da boca de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira.
Quando Nosso Senhor resolver que chegou a Sua hora, através de Sua Mãe Santíssima, fará com que o inimaginável se opere e todo esse caos desapareça para dentro dos bueiros da história.


A Santa Igreja Católica Apostólica Romana brilhará como um sol e voltará a ser tida na devida conta. Raiará então a nova Cristandade anunciada em Fátima pela Rainha do Céu da Terra ao dizer : “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!”
Como é belo, viver em meio a tanta adversidade mantendo e difundindo intacta a fé e esta grande esperança.