terça-feira, 18 de agosto de 2009

Gripe Suína, Comunhão na mão e crise de Fé

Um amigo de há muitos anos, querendo de algum modo aliviar-me uma prolongada convalescença, deu-me de presente um álbum que lhe pareceu interessante.
Ele acertou. Realmente é muito bonito e portador de uma bela lição.
Trata-se de uma publicação da catedral católica grego melquita de São Paulo que contém, magníficamente ilustrado, um hino especial a Nossa Senhora Mãe de Deus datado do século IV com um nome pouco sonoro a nossos ouvidos: Akathistos.
Logo no início lê-se a seguinte narração:
“O Imperador Herácleios estava numa expedição marítima, em luta contra a agressão dos persas à cidade de Constantinopla. O cerco durava já alguns meses, e era evidente que suas tropas estavam em desvantagem.
“Quando as tropas da ‘Rainha da Cidade de Constantinopla’ (nome atribuído pelo povo bizantino à Mãe de Deus), estavam chegando ao desespero, a Fé do povo buscou o impossível.
“O Venerável Patriarca Sérgios, acompanhado de todo o povo, marchou ao longo da grande muralha de Constantinopla com um ícone da Mãe de Deus na mão, reforçando a certeza de que a vitória estava na libertação que vem do Alto.
“Inesperadamente, uma grande tempestade, com enormes maremotos, destruiu a maior parte da frota inimiga, que foi forçada a desistir da invasão, afastando-se definitivamente.
“Os fiéis de Constantinopla, então, espontaneamente lotaram da igreja de Theotokos (Mãe de Deus) e, todos em pé, cantaram, durante toda a noite, hinos de gratidão e louvor...”
Fatos como esse pululam ao longo de toda a história da Igreja Católica. Aliás, de passagem, nunca ouvi dizer da existência de algum livro editado por qualquer uma das falsas religiões – que hoje são uma verdadeira pandemia - com narrações de ajudas sobrenaturais, sobretudo desse porte.
O fato que se deu em Constantinopla no século VII trouxe-me à mente a seguinte cogitação:
Antigamente catástrofes, pandemias, guerras etc., eram afastadas por força de atos de Fé na ajuda onipotente de Deus.
Orações, penitências, conversões, promessas acabavam aplacando a Deus e alcançando grandes misericórdias.
E acabava ficando claro que Deus permitia a ameaça visando exatamente corrigir algum pecado social, maus costumes, relaxamento com relação aos Seus Mandamentos etc. tendo como meta a conversão e salvação das almas daquele povo.


Sobretudo, os Seus ministros, continuadores dos Apóstolos, eram céleres em aproveitar a ocasião e promover a melhora espiritual do povo para aproximá-lo cada vez mais de Deus, que, agindo assim mostrava, no fundo, Seu imenso amor pelo povo.
Por que não de vêm coisas dessas com relação à gripe suína?
O mundo inteiro está tratando como uma catástrofe de grande perigo.
Aliás não me lembro de ter visto nem com relação à gripe aviária, nem com relação à AIDS, nem com relação às ameaças ecológicas tão alardeadas pelo mundo...
Pelo contrário, em muitas igrejas foi imposta uma norma que não só abstrai da Fé no poder do Santíssimo Sacramento criando um receio de contágio na hora da comunhão, como é contraditória em relação às próprias normas dadas pelos órgãos de saúde. Os celebrantes exigem que se comungue na mão. E há até a negação do Sacramento a quem não aceitá-lO na mão.
Ora, tem sido recomendado aos quatro cantos lavar as mãos muitas vezes ao dia, pois é por onde há mais risco do vírus passar de fora para dentro da pessoa.
Sabemos que o sacerdote tem o dever de lavar as mãos antes de celebrar a Missa, mas os fiéis que chegam da rua, após pegarem em toda sorte de objetos, cumprimentarem incontáveis pessoas, pegarem no dinheiro para dar na coleta etc., não têm como fazer a higiene das mãos. Tornam assim as suas mãos os mais prováveis veículos dos vírus.
Mas, o mais grave é o outro aspecto.
Sejamos objetivos. Sem julgar as pessoas que a impõem, uma norma dessas é própria de quem não tem Fé sobrenatural, ou a tem muito pouca, e acaba favorecendo uma desconfiança do poder de Deus que contribui para um afastamento interior com relação à Presença Real de Nosso Senhor, ao invés de aproximar o povo do Santíssimo Sacramento.
Fica subentendido que o próprio Santíssimo Sacramento pode acabar sendo veículo de doença...!!! Uma contradição direta com a Fé no Seu poder!
Por que, em nossos dias tão carregados de problemas gravíssimos, o povo católico não tem sido movido a grandes atos de Fé com petições a Deus, com pedidos de perdão, com promessas de conversão etc.?
Fé o povo tem. Vemos em Lourdes, em Fátima, em Aparecida do Norte e em muitíssimas ocasiões. Vemos o povo rezar por si e pelos seus, pelas suas angústias pessoais. Mas ninguém os move a pedir por razões maiores e realmente de grande importância. Como isso robusteceria a Fé, a própria Igreja, a virtude, os costumes etc.
Mas para isso é preciso ter Fé.
Será que presenciamos uma crise de Fé em largas esferas do clero?
Lembro-me do que a Irmã Lúcia escreveu no final da segunda parte do Segredo de Fátima, uma frase insinuando a terceira parte e que até hoje carece de explicação:
“Em Portugal se preservará sempre o dogma da Fé...”
Estudiosos comentaram que, com toda certeza, haveria no futuro uma tão grande crise de Fé no mundo, que merecia especial menção o fato da Fé ser preservada em Portugal.
Estaremos nisso?!...