segunda-feira, 3 de maio de 2010

A aristocrata SIM, as loucas NÃO!

Quanto mais a alma humana se eleva em direção à perfeição, mais ela se assemelha Deus. Para muitos, dizer isso é uma evidência. Mas, infelizmente, para a maioria não. Sobretudo a afirmação de que a Idade Média foi a era histórica mais voltada para o único e verdadeiro Deus. A Doce Primavera da Fé, como foi chamada por certo escritor do Século XIX, acumulou em si, à maneira do urânio enriquecido, uma potencialidade de elevação sem precedentes.

Infelizmente a Idade Média decaiu por obra da Revolução gnóstica e igualitária detonada pelo protestantismo.

Contudo, como um eco da Idade Média, ou como o segundo estágio de um fogo de artifício, a elevação de maneiras, de estilos, de categoria desabrochou no Ancién Regime, a era mais aristocrática da história.

Especialmente na França, o aristocratismo brilhou como uma luz magnífica. O senso das medidas, das proporções, da oportunidade, em suma, o acerto em matéria do viver social foi o distintivo dourado daquela nação, tão adequadamente chamada a filha primogênita da Igreja.

O quadro de Maria Antonieta, pintado por Madame Vigée Le Brun, mostra a rainha grandiosa como um monumento. Dizia Dr. Plinio Corrêa de Oliveira que Maria Antonieta era o cisne do gênero humano.

Quantas qualidades reunidas numa só pessoa!

Para não alongar, meu objetivo é chamar a atenção para o aspecto mais secundário da figura da bela Rainha, o sapato. Sim, não pasmem: o sapato!

Que leveza, que categoria, que nobreza. Parece um ponto final colocado no último verso de um poema. Ele não está ali para chamar a atenção, mas completa com um toque ligeiro o peso da monumentalidade do vestido proporcionando-lhe um “pouso” leve.

Dir-se-ia que é preciso ter aquela cabeça, aquele busto, aquela realeza, aquela grandeza, para ter aquele pé.

Vejamos agora alguns exemplares de sapatos que a moda vai introduzindo, impondo.

A tônica é o extravagante mais atrevido, o ilógico mais rombudo, a ausência de equilíbrio mais evidente. Para que isso?

Quando a Revolução Francesa cortou a cabeça de Maria Antonieta, cortou, num certo sentido, a seiva que nutria a imensa árvore da nobreza e da aristocracia. Posteriormente, à maneira de galhos de uma árvore seca, os tronos da Europa foram caindo uns após outros como dominós, e junto com eles o aristocratismo.

Vieram as repúblicas, as democracias, o socialismo, o comunismo e agora o tribalismo. Nesse período o aristocratismo passou por uma longa e dolorosa agonia.

Hoje assistimos à tentativa de fazer a eutanásia dos valores que caracterizam a elevação do homem: a categoria, a finura, o gosto do primoroso, do equilibrado etc.

Com que objetivo?

Levar os homens à loucura.

Quando as pessoas não notarem mais a loucura de certos procedimentos contemporâneos, estarão tomados por ela. E a pressão da moda no sentido de enlouquecer é tão despótica e brutal nada diferente de uma arena cheia de feras.

Lembro aqui a frase tão conhecida de Ruy Barbosa:

- De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

Não desanimemos da virtude, saibamos manter a honra, para não acabarmos sentindo vergonha de sermos normais.

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