segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Tiro de misericórdia na instituição da família e motivos de esperança

Em artigo publicado no The New York Times (7/9/2015), a colunista Claire Cain Miller narra que, segundo uma pesquisa produzida pela Harvard Business School, 37% das jovens da geração do milênio, 42% das quais já casadas, planejam interromper sua carreira para se dedicar mais à família.
Eis uma novidade conservadora a mais não poder. Não é de agora que algo está mudando profundamente no comportamento da opinião pública ocidental.
Parece que as novas gerações estão descobrindo que o matrimônio deve ser vivido como uma perfeita equipe, onde cada um dos cônjuges cuida de uma parte das obrigações familiares. Assim, cada um não precisa se preocupar com as obrigações da outra parte e pode se dedicar com determinação ao que lhe compete. Estão redescobrindo o óbvio, abandonado pelas gerações anteriores.
Um modismo ultrapassado e ilusório introduziu a falta de amor verdadeiro na família, criando a desconfiança mútua que induziu incontáveis famílias a se divorciarem. Divorciando-se vinha a pergunta: como a mulher devia se manter? E as crianças?
Nasceu a necessidade de ambos os cônjuges se prepararem para ter autonomia caso a separação viesse, e ela veio cada vez mais. E as crianças? Foram relegadas às creches ou algo parecido.
Pobres crianças! Entregues a zeladoras organizadas para administrar a população infantil como um rebanho e não com o desvelo materno exclusivo (que muitas monitoras de crianças nem tem). Longe do lar, de quem as crianças vão receber aquela matriz de bondade e dedicação heroicas que só as mães podem proporcionar? Onde haurir aquele desinteresse, aquela generosidade e aquele amor vinte e quatro horas por dia? O que a mãe proporciona, a “tia” jamais conseguirá igualar.
E quem vai preencher para a criança o papel que só o pai pode preencher? Quem é, para a criança, o herói? Quem é o protetor natural, quem representa para os filhos o forte, o corajoso, o decidido, o invencível? Vivendo e se formando dentro do rebanho de uma creche, os filhos não terão esse herói do bem, esse modelo de virtudes que é o complemento ideal da mãe.
Pai e mãe em conjunto são os únicos que podem proporcionar as virtudes indispensáveis para sufocar certos males sociais como a criminalidade, a droga, a imoralidade etc., pois só com o caráter adquirido numa família verdadeira os futuros brasileiros e brasileiras sobrepujarão a terrível destruição ocasionada pela revolução cultural. Os fatos pululam nos jornais todos os dias confirmando esta afirmação.
Evidentemente cabe à Igreja a parte necessária de uma real formação religiosa e moral para que a benção de Deus seja abundante nas famílias. Embora a Igreja seja hoje a grande derrotada, pois a liquidação das famílias, a imoralidade, as drogas etc., são do campo religioso e moral que estão, por ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, a cargo dela. Mas esta não é matéria para este artigo.
A verdade inegável é que o divórcio não foi o termino da destruição da família – Um abismo atrai outro abismo, dizem as escrituras – mas ele se generalizou de tal maneira que a família está quase extinta dando lugar à tentativa, por parte de inimigos de Deus, de eliminar até a ideia de família criada por Ele. Atribui-se a classificação de família a qualquer união estável entre homens ou entre mulheres. Daqui a pouco, por que não, até entre seres humanos e animais etc.
Por brevidade faço apenas referência à esdruxula Ideologia de Gênero, que é uma visão do ser humano e da família tão contrária à ordem natural que tem como pressuposto o enlouquecimento das pessoas para tornar-se realidade. Teoria esta que vai sendo, mesmo contra a lei, aplicada em várias escolas sob o olhar pusilânime de autoridades civis e religiosas.
Mais ainda. Hoje em dia nada se encontra mais débil do que a família. E nada necessita mais de um socorro e de um soerguimento urgentíssimo do que a família. Neste sentido causou imensa perplexidade em muitas pessoas, até do alto clero, o inexplicável Motu Próprio do Papa Francisco facilitando ainda mais o desmanche das famílias. Foi um verdadeiro tiro de misericórdia na sagrada instituição da família. A situação clama exatamente pelo oposto, por uma reeducação religiosa e moral tendo em vista o sólido soerguimento da família. Ficamos atônitos…

O que nos consola e enche de esperança é que, conforme mencionamos no primeiro parágrafo, a geração do milênio está esboçando a “volta à casa paterna”. E se tal movimento for motivado interiormente por Nossa Senhora a vitória está garantida. É o que esperamos.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Lição para Bispos, Padres e Ecologistas que perderam a Fé

Quando cães precisam apontar a presença real de Jesus Cristo
Sergio Bertoli

O que entendemos por milagre na doutrina da Igreja Católica, Apostólica, Romana? — Trata-se de um fato, ou melhor, de um acontecimento que contraria as leis da natureza. Nosso Senhor Jesus Cristo realizou numerosos milagres, sendo o da própria ressurreição o maior de todos, pois se não tivesse ressuscitado vã seria nossa fé, conforme ensinamento de São Paulo Apóstolo.
Milagre é também um dos aspectos da vida dos santos e uma confirmação marcante da veracidade da Igreja, que na sua sabedoria e prudência foi sempre muito cautelosa na comprovação de um milagre. Exemplo disso ocorre em Lourdes, na França, onde de 1858 até hoje houve grande número de milagres operados, embora os reconhecidos pela Igreja ainda não cheguem a setenta.


Relicário com o “Milagre de Lanciano”, ocorrido no século VII. À esquerda, a carne em uma custódia de prata. À direita, o sangue em cálice de cristal.
A Igreja sempre incentivou os fieis a fortalecerem sua fé admirando e contemplando os milagres. Por exemplo, há muitos deles relativos à presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia consagrada. Talvez o mais conhecido seja o de Lanciano, Itália.
No site www.americaneedsfatima.org consta a narrativa de um milagre eucarístico relativamente recente, digna de figurar na Legende Dorée ou nos Fioretti de São Francisco de Assis.
No último dia da estadia de João Paulo II aos EUA, em 1995, ele visitou em Baltimore o seminário de Santa Maria. Quis também fazer uma visita não programada à capela do Santíssimo Sacramento. Sentindo os responsáveis pela sua segurança a necessidade de uma ágil tomada de precauções, puseram-se a percorrer as salas e demais dependências do edifício com cães farejadores, utilizados em desabamentos de prédios e catástrofes naturais.

O objetivo era localizar eventuais pessoas escondidas no local com intenções escusas. Os cães esquadrinharam a capela e nada encontraram. Farejaram também o altar do Santíssimo Sacramento, e não encontraram ninguém. Quando chegaram diante do Sacrário, pararam e olharam fixamente, como procedem quando há alguém entre os escombros.
Com os olhares fixos no Sacrário, cheiravam, grunhiam e se recusavam a sair do local, apresentando todas as características de estar ali uma pessoa escondida. Na verdade, não havia ninguém, exceto no interior do tabernáculo, onde estava realmente o verdadeiro corpo, sangue, alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os cães só se retiraram depois de receber ordens dos seus responsáveis.

Inteirei-me do acontecimento apenas agora, ou seja, 20 anos depois, apesar da rapidez sideral dos meios de comunicação de nossos dias. Com efeito, tamanha é a indiferença das pessoas de hoje em relação ao sobrenatural e à Religião, que Deus Se serviu desses cães para lhes dar uma lição de credulidade. Se estivéssemos nos tempos medievais, tal acontecimento seria certamente imortalizado em maravilhosos vitrais de várias de suas imponentes catedrais.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Homenagem ao Descobrimento do Brasil, tão sabotado pelo petismo e pelo clero de esquerda


Um vínculo histórico com o Brasil e garantia divina do seu futuro glorioso

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 772, abril/2015

O rei Dom Manuel providenciou a celebração solene da Santa Missa no Mosteiro dos Jerônimos (Lisboa), pelo Bispo de Ceuta, Dom Diogo de Ortiz, após a qual fez benzer uma bandeira com as armas do Reino, que entregou nas mãos do cavaleiro da Ordem de Cristo, Pedro Álvares Cabral [quadro abaixo], comandante da expedição com destino às Índias, para que o acompanhasse. Havia muita gente assistindo à Missa e participando do grande cerimonial.

Terminado o ato litúrgico, formou-se um majestoso e longo cortejo, irradiando esplêndido colorido de trajes e de bandeiras dispostos em ordem hierárquica, o qual se dirigiu ao embarcadouro, muito próximo do mosteiro, para a partida da expedição. Grande alegria dominava o ambiente, porque estava prestes a iniciar-se mais um “cristão atrevimento” para a glória de Deus e do Reino de Portugal.

Quando o pomposo séquito chegou ao cais junto à nau capitânia, Cabral osculou reverentemente a mão de seu senhor El-Rei e despediu-se dos demais membros da corte, parentes e amigos. Subiu no tombadilho da principal caravela de uma notável esquadra de 13 navios, com um contingente total de 1500 homens.

Imediatamente o nobre cavaleiro de 33 anos se dirigiu à imagem de Nossa Senhora da Esperança que pouco antes lhe concedia El-Rei — padroeira da expedição e de quem era aliás muito devoto —, para lhe oscular os pés e implorar proteção e êxito na viagem. Era o dia 9 de março de 1500. Com lentidão majestosa a imponente esquadra se distancia pela foz do rio Tejo, enfuna as velas com as cruzes da Ordem de Cristo e toma o seu rumo em alto mar. 

Imagem na Primeira Missa celebrada no Brasil

Pululam em nossos dias pesquisadores e historiadores realmente capazes e com reconhecidos dotes científicos, os quais, contudo, nem sempre consideram relevantes aspectos de ordem espiritual da História, como se tais fatos carecessem de realidade. Porém, para nós, católicos, que consideramos a História sob o prisma mais elevado da fé, tais aspectos constituem pelo contrário o creme da realidade.

Os Descobrimentos foram fruto de uma graça especialíssima concedida pela Providência — neste caso a Portugal — sobretudo para expandir a fé. Há abundância de fontes mencionando o culto a Nossa Senhora da Esperança, intensificado na época dos Descobrimentos. Na cidade natal de Pedro Álvares Cabral, Belmonte, encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Esperança [foto]. A mesma imagem que, no dia 22 de Abril de 1500, estava no altar da celebração da Primeira Missa nesta Terra de Santa Cruz. 

Promessa à Terra de Vera Cruz

Esquerdistas de várias gamas procuram atribuir um sentido primordialmente material aos Descobrimentos. A avidez de riquezas, sobretudo do ouro, era o que moveria os navegantes a enfrentar riscos imensos. Portanto uma cobiça, talvez exacerbada, seria o sentido mais profundo das navegações. Com certeza, no caso dos que não têm fé, tudo se explica pelo interesse material. Não conhecem eles o verdadeiro paraíso que a fé católica comunica à alma de quem a tem. Já os fatos acima descritos desmentem em grande parte esse enfoque materialista.

Deixemos, porém, falar uma testemunha qualificada da época, Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada, sobre a impregnação do espírito católico que animava os descobridores, em sua carta a El-Rei:


 
Pero Vaz de Caminha lê para o comandante Pedro Álvares Cabral, Frei Henrique de Coimbra e o mestre João a carta destinada rei D. Manuel I

“Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

[...] “Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. [...].

[...] “Ao sairmos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos em direitura à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles[indígenas] verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la.

[...] “E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. E ali marcou o Capitão o sítio onde haviam de fazer a cova para a fincar. E enquanto a iam abrindo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, rio abaixo onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes que cantavam, à frente, fomos trazendo-a dali, a modo de procissão. Eram já aí quantidade deles [os indígenas], uns setenta ou oitenta; e quando nos assim viram chegar, alguns se foram meter debaixo dela, ajudar-nos. Passamos o rio, ao longo da praia; e fomos colocá-la onde havia de ficar, que será obra de dois tiros de besta do rio. Andando-se ali nisto, viriam bem cento cinqüenta, ou mais. Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiro lhe haviam pregado, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.

“Estiveram assim conosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nós outros. E alguns deles [indígenas], por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinquenta ou cinquenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos!

 
“Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima, e ficou na alva; e assim se subiu, junto ao altar, em uma cadeira; e ali nos pregou o Evangelho e dos Apóstolos cujo é o dia, tratando no fim da pregação desse vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, que nos causou mais devoção. Esses que estiveram sempre à pregação estavam assim como nós olhando para ele. E aquele que digo, chamava alguns, que viessem ali. Alguns vinham e outros iam-se; e acabada a pregação, trazia Nicolau Coelho muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra vinda. E houveram por bem que lançassem a cada um sua ao pescoço. Por essa causa se assentou o padre frei Henrique ao pé da cruz; e ali lançava a sua a todos — um a um — ao pescoço, atada em um fio, fazendo-lha primeiro beijar e levantar as mãos. Vinham a isso muitos; e lançavam-nas todas, que seriam obra de quarenta ou cinquenta. E isto acabado — era já bem uma hora depois do meio dia — viemos às naus a comer, onde o Capitão trouxe consigo aquele mesmo que fez aos outros aquele gesto para o altar e para o céu, (e um seu irmão com ele). A aquele fez muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca; e ao outro uma camisa destoutras.[...]

[...] O melhor fruto que dela [a terra] se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”.

(Tópicos da carta de Pero Vaz de Caminha (grafia atualizada) http://www.mc.unicamp.br/1-olimpiada/documentos/documento/3)  

 

Desembarque de Cabral em Porto Seguro. Óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva (1904). Acervo do Museu Histórico Nacional (RJ)

A esperança da salvação do Brasil

A partir desse início magnífico, o Brasil se tornou com o passar do tempo o maior País católico do mundo, tendo nossos descobridores realizado o que Nosso Senhor recomendou: “Ide e pregai o Evangelho a todos os povos. Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”(Mac. 16, 16).

Para nossa imensa tristeza, pratica-se hoje exatamente o contrário, pois os índios estão sendo levados por uma neomissiologia progressista a perder a fé católica e a voltar ao paganismo (cfrPlinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil do séc. XXI, 1977, São Paulo, Artpress).

Mas não é só isso. O Brasil que outrora apresentava 97% de sua população constituída de católicos, hoje conserva apenas 57% (“População católica no Brasil cai de 64% para 57%”, conforme noticia do “Datafolha G1” de 21-7-13). E ainda assim de católicos dos quais apenas pequena minoria conhece e ama a verdadeira doutrina da Igreja.

O País atualmente está assediado por numerosos inimigos de suas raízes católicas, à espreita do hallali, isto é, daquele momento fatídico em que a caça está prestes a ser abatida.

Prova dessa afirmação são as comemorações cada vez mais pálidas e sem conteúdo da data do Descobrimento do Brasil.

Não será pelo acima exposto que os problemas brasileiros de todo gênero se multiplicam a cada dia? E a sensação que nos domina não é a de estarmos imergindo cada vez mais num imenso buraco negro cujo fundo não vemos e não ousamos imaginar?

Mas nós, católicos, habituados às mais difíceis vicissitudes, jamais admitiremos, com a ajuda de Nossa Senhora, a hipótese de entregar nossa Pátria a fatores de desagregação como a heterodoxia, o comunismo ou o ateísmo.

Nesse sentido, é oportuno relembrar aquelas palavras pronunciadas por Plinio Corrêa de Oliveira no encerramento do Congresso Eucarístico Nacional (em São Paulo, no ano de 1942): “Contra os inimigos da Pátria que estremecemos, e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários! Mais fácil vos seria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul, do que arrancar a soberania e a Fé a um povo fiel a Cristo.”

         Neste mês em que celebramos mais um aniversário do Descobrimento do Brasil, lembremo-nos da imagem de Nossa Senhora da Esperança que nos trouxe a fé católica. E voltando-nos súplices para Ela, peçamos-lhe que livre esta nação da espantosa tempestade que lhe está subtraindo o precioso dom da fé e a faça retomar o caminho tão bem iniciado em 1500.

É um desafio para os brasileiros que professam a única Fé verdadeira. Com a alma vincada por uma esperança inabalável, devem eles encetar agora a travessia dessa imensa crise religiosa, cultural e material, convictos de que caminham para a vitória!

 

A IMAGEM

A imagem de Nossa Senhora da Esperança do navegador foi colocada em uma capela construída especialmente por Cabral para abrigá-la. Até o século XVIII a capela, deixada sob a guarda dos frades franciscanos, seria mantida por descendentes do descobridor oficial do Brasil. Atualmente, a imagem se encontra no altar de São Tiago, na vila de Belmonte, em Portugal [foto acima]. Foi trazida novamente ao nosso País durante o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1955.

A imagem clássica portuguesa da Senhora da Esperança foi esculpida em pedra, pesa 90 quilos e representa a Virgem Maria de pé com o menino Jesus sentado em seu braço esquerdo, segurando com a mão direita o pezinho dele. O Divino Infante aponta com a mãozinha direita para uma pomba (símbolo do Espírito Santo), que repousa sobre o braço direito de sua Mãe.

Nos tempos modernos a devoção a Nossa Senhora da Esperança foi revivida após a aparição da Virgem Maria em Pontmain (França), nos dias terríveis da invasão prussiana (1870-1871), quando o inverno, a fome e a guerra se uniram para castigar o povo francês. Foram inúmeras as graças alcançadas no lugar da aparição e pouco depois se ergueu ali uma bela basílica, que foi entregue aos cuidados dos padres Oblatos de Maria Imaculada.” (http://www.prestservi.com.br/diaconoalfredo/titulos_maria/e/esperanca.htm)

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Réplica da imagem da Nossa Senhora da Esperança que veio na caravela Anunciação, de Pedro Álvares Cabral, quando o Brasil foi descoberto. Esta réplica é venerada na igreja de Nossa Senhora da Esperança, no Jardim Novo Mundo, na capital paulista.

“Os fiéis sempre invocavam o nome de Maria com a esperança de que Ela os ajudasse a resolver seus problemas pessoais. Assim este título não é novo, pois a Mãe de Deus na liturgia romana tem sido denominada “esperança dos desesperados”. O mais antigo santuário de Nossa Senhora da Esperança de que se tem notícia é o da cidade de Mezières, na França, construído no ano de 930; depois dele, vários outros foram erigidos.

Em Portugal, este culto desenvolveu-se muito na época das grandes descobertas marítimas, figurando dentre os seus devotos o comandante Pedro Álvares Cabral, que possuía uma bela imagem da padroeira em sua residência, levando-a consigo em sua viagem às Índias.

A imagem foi trazida ao País e foi exibida nas duas missas do descobrimento, celebradas pelo frei Henrique de Coimbra. Em documentos preservados, Cabral revelou o desejo de manter um círio (vela) para iluminar sempre a imagem de Nossa Senhora da Esperança, de sua propriedade, carregada na viagem por ele capitaneada e que zarpou do Tejo aos 9 de março de 1500, regressando aos 23 de junho de 1501. Comprova-se, portanto, que o Brasil foi descoberto sob o olhar terno e protetor da Mãe da Esperança.

 

terça-feira, 24 de março de 2015

Católicos: Sejamos coerentes sob pena de sermos hipócritas

Reflexões durante a Semana Santa
Plinio Corrêa de Oliveira

A verdadeira piedade deve impregnar toda a alma humana, e, portanto, também deve despertar e estimular a emoção. Mas a piedade não é só emoção, e nem mesmo é principalmente emoção. A piedade brota da inteligência, seriamente formada por um estudo catequético cuidadoso, por um conhecimento exato de nossa Fé, e, portanto, das verdades que devem reger nossa vida interior. A piedade reside ainda na vontade. Devemos querer seriamente o bem que conhecemos. Não nos basta, por exemplo, saber que Deus é perfeito. Precisamos amar a perfeição de Deus, e, portanto, devemos desejar para nós algo dessa perfeição: é o anseio para a santidade. "Desejar" não significa apenas sentir veleidades vagas e estéreis. Só queremos seriamente algo, quando estamos dispostos a todos os sacrifícios para conseguir o que queremos.
Assim, só queremos seriamente nossa santificação e o amor de Deus, quando estamos dispostos a todos os sacrifícios para alcançar esta meta suprema. Sem esta disposição, todo o "querer" não é senão ilusão e mentira. Podemos ter a maior ternura na contemplação das verdades e mistérios da Religião: se daí não tirarmos resoluções sérias, eficazes, de nada valerá nossa piedade.
É o que se deve dizer especialmente nos dias da Paixão de Nosso Senhor. Não nos adianta apenas o acompanhar com ternura os vários episódios da Paixão: isto seria excelente, não porém suficiente. Devemos dar a Nosso Senhor, nestes dias, provas sinceras de nossa devoção e amor.
Estas provas, nós as damos pelo propósito de emendar nossa vida, e de lutar com todas as forças pela Santa Igreja Católica.
A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Quando Nosso Senhor interpelou São Paulo, no caminho de Damasco, perguntou-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues?". Saulo perseguia a Igreja. Nosso Senhor lhe dizia que era a Ele mesmo que Saulo perseguia.
Se perseguir a Igreja é perseguir a Jesus Cristo, e se hoje também a Igreja é perseguida, hoje Cristo é perseguido. A Paixão de Cristo se repete de algum modo também em nossos dias.
Como se persegue a Igreja?
Atentando contra os seus direitos ou trabalhando para dela afastar as almas. Todo o ato pelo qual se afasta da Igreja uma alma é um ato de perseguição a Cristo. Toda a alma é, na Igreja, um membro vivo. Arrancar uma alma à Igreja é arrancar um membro ao Corpo Místico de Cristo. Arrancar uma alma à Igreja é fazer a Nosso Senhor, em certo sentido, o mesmo que a nós nos fariam se nos arrancassem a menina dos olhos.
Se queremos, pois, condoer-nos com a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, meditemos sobre o que Ele sofreu na mão dos judeus, mas não nos esqueçamos de tudo quanto ainda hoje se faz para ferir o Divino Coração.
E isto tanto mais quanto Nosso Senhor, durante Sua Paixão, previu tudo quanto se passaria depois. Previu, pois, todos os pecados de todos os tempos, e também os pecados de nossos dias. Ele previu os nossos pecados, e por eles sofreu antecipadamente. Estivemos presentes no Horto como algozes, e como algozes seguimos passo a passo a Paixão até o alto do Gólgota.
Arrependamo-nos, pois, e choremos.
A Igreja, sofredora, perseguida, vilipendiada, aí está a nossos olhos indiferentes ou cruéis. Ela está diante de nós como Cristo diante de Verônica. Condoamo-nos com os padecimentos dela. Com nosso carinho, consolemos a Santa Igreja de tudo quanto Ela sofre. Podemos estar certos de que, com isto, estaremos dando ao próprio Cristo uma consolação idêntica à que Lhe deu Verônica.
Incredulidade
Comecemos pela Fé. Certas verdades referentes a Deus e a nosso destino eterno, podemos conhecê-las pela simples razão. Outras, conhecemo-las porque Deus no-las ensinou. Em sua infinita bondade, Deus se revelou aos homens no Antigo e Novo Testamento, ensinando-nos não apenas o que nossa razão não poderia desvendar, mas ainda muitas verdades que poderíamos conhecer racionalmente, mas que por culpa própria a humanidade já não conhecia de fato. A virtude pela qual cremos na Revelação é a Fé. Ninguém pode praticar um ato de Fé sem o auxílio sobrenatural da graça de Deus. Essa graça, Deus a dá a todas as criaturas e, em abundância torrencial, aos membros da Igreja Católica. Esta graça é a condição da salvação deles. Nenhum chegará à eterna bem-aventurança se rejeitar a Fé. Pela Fé, o Espírito Santo habita em nossos corações. Rejeitar a Fé é rejeitar o Espírito Santo, é expulsar de sua alma a Jesus Cristo.
Vejamos, agora, em torno de nós, quantos católicos rejeitam a Fé. Foram batizados, mas no curso do tempo perderam a Fé. Perderam-na por culpa própria, porque ninguém perde a Fé sem culpa, e culpa mortal. Ei-los que, indiferentes ou hostis, pensam, sentem e vivem como pagãos. São nossos parentes, nossos próximos, quiçá nossos amigos! Sua desgraça é imensa. Indelével, está neles o sinal do Batismo. Estão marcados para o Céu, e caminham para o inferno. Em sua alma redimida, a aspersão do Sangue de Cristo está marcada. Ninguém a apagará. É de certo modo o próprio Sangue de Cristo que eles profanam quando nesta alma resgatada acolhem princípios, máximas, normas contrárias à doutrina da Igreja. O católico apóstata tem qualquer coisa de análogo ao sacerdote apóstata. Arrasta consigo os restos de sua grandeza, profana-os, degrada-os e se degrada com eles. Mas não os perde.
E nós?
Importamo-nos com isto? Sofremos com isto? Rezamos por que estas almas se convertam? Fazemos penitências? Fazemos apostolado? Onde nosso conselho? Onde nossa argumentação? Onde nossa caridade? Onde nossa altiva e enérgica defesa das verdades que eles negam ou injuriam?
O Sagrado Coração sangra com isto. Sangra pela apostasia deles, e por nossa indiferença. Indiferença duplamente censurável porque é indiferença para com nosso próximo e sobretudo indiferença para com Deus.
Conspiração
Quantas almas, no mundo inteiro, vão perdendo a Fé? Pensemos no incalculável número de jornais ímpios, rádio-emissões ímpias, (internet) de que diariamente se enche o orbe. Pensemos nos inúmeros obreiros de Satanás que, nas cátedras, no recesso da família, nos lugares de reunião ou diversão, propagam ideias ímpias. De todo este esforço, quem há de admitir que nada resulte? Os efeitos de tudo isto estão diante de nós. Diariamente, as instituições, os costumes, a arte se vão descristianizando, indício insofismável de que o próprio mundo se vai perdendo para Deus.
Não haverá em tudo isto uma grande conjuração? Tantos esforços, harmônicos entre si, uniformes em seus métodos, em seus objetivos, em seu desenvolvimento, serão mera obra de coincidências? Onde e quando, intuitos desarticulados produziram articuladamente a mais formidável ofensiva ideológica que a História conhece, a mais completa, a mais ordenada, a mais extensa, a mais engenhosa, a mais uniforme em sua essência, em seus fins, em seu evoluir?
Não pensamos nisto. Nem percebemos isto. Dormimos na modorra de nossa vida de todo o dia. Por que não somos mais vigilantes? A Igreja sofre todos os tormentos, mas está só. Longe, bem longe dEla cochilamos. É a cena do Horto que se repete.



A bem dizer, a Igreja nunca teve tantos inimigos, e, paradoxalmente, nunca teve tantos "amigos". Ouçamos os espíritas: dizem que não movem guerra nenhuma à religião, e ao Catolicismo menos ainda do que a qualquer. Entretanto, a vida de todos eles, comunistas, espíritas, protestantes, não é desde a manhã até à noite outra coisa, senão uma conspiração contra a Igreja. Também eles tem os lábios prontos para o ósculo, embora em sua mente já hajam decidido de há muito, exterminar a Igreja de Deus.



Tibieza
E entre nós? Esta Fé que tantos combatem, perseguem, atraiçoam, graças a Deus nós a possuímos.
Que uso fazemos dela? Amamo-la? Compreendemos que nossa maior ventura na vida consiste em sermos membros da Santa Igreja, que nossa maior glória é o título de cristão?
Em caso afirmativo – e quão raros são os que poderiam em sã consciência responder afirmativamente – estamos dispostos a todos os sacrifícios para conservar a Fé?
Não digamos num assomo de romantismo que sim. Sejamos positivos. Vejamos friamente os fatos. Não está junto de nós o algoz que nos vai colocar na alternativa da cruz ou da apostasia? Mas todos os dias, a conservação da Fé exige de nós sacrifícios. Fazemo-los?
Será bem exato que, para conservar a Fé, evitamos tudo que a pode por em risco? Evitamos as leituras que a podem ofender? Evitamos as companhias nas quais ela está exposta a risco? Procuramos os ambientes nos quais a Fé floresce e cria raízes? Ou, em troca de prazeres mundanos e passageiros, vivemos em ambientes em que a Fé se estiola e ameaça cair em ruínas?
Todo o homem, pelo próprio fato do instinto de sociabilidade, tende a aceitar as opiniões dos outros. Em geral, hoje em dia, as opiniões dominantes são anticristãs. Pensa-se contrariamente à Igreja em matéria de filosofia, de sociologia, de história, de ciências positivas, de arte, de tudo enfim. Os nossos amigos, seguem a corrente.
Temos nós a coragem de divergir? Resguardamos nosso espírito de qualquer infiltração de ideias erradas? Pensamos com a Igreja em tudo e por tudo? Ou contentamo-nos negligentemente em ir vivendo, aceitando tudo quanto o espírito do século nos inculca, e simplesmente porque ele no-lo inculca?
É possível que não tenhamos enxotado Nosso Senhor de nossa alma. Mas como tratamos este Divino Hóspede? É Ele o objeto de todas as atenções, o centro de nossa vida intelectual, moral e afetiva? É Ele o Rei? Ou, simplesmente, há para Ele um pequeno espaço onde se O tolera, como hóspede secundário, desinteressante, algum tanto importuno?

Quando o Divino Mestre gemeu, chorou, suou sangue durante a Paixão não O atormentavam apenas as dores físicas, nem sequer os sofrimentos ocasionados pelo ódio dos que no momento O perseguiam. Atormentava-O ainda tudo quanto contra Ele e a Igreja faríamos nos séculos vindouros. Ele chorou pelo ódio de todos os maus, de todos os Arios, Nestórios, Luteros mas chorou também porque via diante de si o cortejo interminável das almas tíbias, das almas indiferentes, que sem O perseguir não O amavam como deviam.
É a falange incontável dos que passaram a vida sem ódio e sem amor, os quais, segundo Dante, ficavam de fora do inferno porque nem no inferno havia para eles lugar adequado.
Estamos nós neste cortejo?

Eis a grande pergunta a que, com a graça de Deus, devemos dar resposta nos dias de recolhimento, de piedade e de expiação em que devemos entrar agora.